João Madureira presenta o seu libro en Gondomar

Imprimir
A LIBARRÍA LIBRAIDA E O INSTITUTO DE ESTUDOS MIÑORANOS presenta unha nova edición das Tertulias "QUEREMOS TANTO OS LIBROS " o Martes, 27 de Marzo, as 20:30 h. na Libreria Libraida de Gondomar.  

Nesta xornada João Madureira, fará a presentación do seu libro "Crónica triste de Névoa " Chaves: Editorial O livreiro, 2004. 

João Madureira apresenta a sua primeira obra de vulto
Foi perante uma sala à pinha (O Livreiro) que na passada sexta-feira, 19 de Março, foi apresentada aos flavienses interessados nos fenómenos da cultura, o primeiro livro de ficção de João Madureira. O autor e os editores deixam vincada logo nas primeiras páginas a intenção de, com esta obra de mais de 400 páginas, pretenderem comemorar o 75º aniversário da elevação de Chaves a cidade.

Dividida em doze movimentos e outras tantas memórias, esta narrativa foi um aturado trabalho de oito anos.

A presidir à cerimónia estiveram: o próprio escritor, os dois editores (O Livreiro e Gráfica Sinal de Esperança) e, em representação da autarquia, o Dr. Alves Ramos.

Para apresentarem o livro, dissertaram: o ex-vereador da cultura da CMC, Dr. Sousa e Silva, o Eng. Jorge Medeiros e o secretário da Fundação Vicente Risco (Galiza), Dr. Risco Daviña.

Todos foram unânimes em considerar esta obra como um feliz trabalho de ficção, cheio de vivacidade, imaginação e ironia, com uma escrita simples e muito bem elaborada, fruto de grande labuta e investigação.

Muitos dos presentes referiram o facto de uma obra deste tipo ser quase pioneira na nossa cidade.

Alguém referiu durante a amena cavaqueira que teve lugar logo após a apresentação do livro, e durante o ritual das dedicatórias, que em Chaves alguém, por fim, olhou para as pedras e viu os homens que estão por detrás delas.

Do livro
Esta crónica inicia-se na Feira dos Santos de 1941, quando um homem pretende mudar a sua vida. É o tempo do volfrâmio. E por terras de Trás-os-Montes ele aparece em todo o lado, tal como os pobres, as crianças e os cães.

Depois tudo acontece em Névoa: a visita de um ministro, cinco pragas, uma matança, uma castração, um dilúvio universal, o desbobinar do ultramar, a psicose da imigração, o perigoso sol de Agosto, um herói que defende a sua dama, o pesadelo dos deuses, o fabrico do ouro negro (pedra filosofal), sessões de fado, divagações filosóficas, discussões futebolísticas, idas à bruxa, várias alucinações, a revelação de dois segredos de Estado, soldados portugueses que vão para a guerra (é que os houve mesmo), exercícios de faquirismo, bodos aos pobres, procissão dos fiéis defuntos e outros préstitos, um advogado que faz correio sentimental, fome que põe os pobres a rir, jantares de Lúculo, alucinações de uma senhora muito virtuosa e de uma cabeça voadora, um Cristo de madeira que chora e outro que anda, casamentos e loucos que os interrompem, várias dietas, guerra em Cafés, guerrilheiros e guerrilhas, várias dissertações de se lhe tirar o chapéu, o milagre das Caldas, a desgraça do vinho, uma explicação da diferença entre pobres e miseráveis, uma polémica sobre festas e romarias, romagens de fé e patriotismo, discursos de alma ajoelhada, sandes de vitela assada e copos de vinho tinto, a fárria do volfrâmio, a rivalidade entre duas aldeias, o roubo do túmulo do filho do Mestre de Avis, os pios Carlos, a festa de aniversário de um jornal de província, o inefável nome de Deus em todas as línguas, a triste história do Juan, do João e do Manuel e ainda outras histórias verdadeiras contadas por uma avó ao seu neto que incluem a hora da catequese, videntes, profecias, adivinhações, fórmulas mágicas para quase tudo, o Rui da Mata, o Frei Toino e o João Lorde, a prima Ivone, o René, a senhora Marquinhas da Ajuda, o cow-boy Kelly, a sua namorada Laura, os Sioux, uma nave interestelar que transporta almas... e por aí fora até ao final, para tudo começar de novo.

Da biografia do autor
João Augusto Madureira Ferreira nasceu na aldeia da Torre de Ervededo, concelho de Chaves, no ano de 1958. É professor do 1º CEB licenciado pela UTAD. Foi dirigente estudantil e associativo. Realizou curtas-metragens em super8 e vídeo. É fotógrafo amador premiado. Publicou poesia e prosa em jornais e revistas e a plaqueta "Margem de Silêncio". Em cooperação com o Grupo Dólmen (Galiza) colaborou, produziu e editou a colectânea de poetas transmontanos e galegos "Poesia dos Aléns". Produziu e editou catálogos de pintura e escultura enquanto coordenador da Galeria Faustino; redigiu e foi o responsável gráfico da monografia "15 Anos da Casa de Cultura Popular de Outeiro Seco"; fundou, dirigiu e editou a revista "Nunca é Tarde" (Educação de Adultos); foi assessor cultural da Câmara Municipal de Chaves a título gracioso; membro de júris internacionais de BD; orientador e divulgador do projecto "Banda Desenhada nas Escolas"; pertenceu à comissão organizadora e coordenadora do simpósio "Galaicos nas Fontes e na Memória Oral", realizada em Chaves e Allariz; é sócio honorário e correspondente em Portugal da associação cultural galega Vicente Risco. Foi também membro fundador e elemento da direcção do Cine Clube Flaviense; da Cooperativa Flaviense de Radiodifusão (que chegou a presidir); do Centro de Promoção Educativa e Desenvolvimento para o Concelho de Chaves; da Antena Radiante (da qual foi director de programas); foi ainda fundador e Subdirector do Jornal de Chaves; membro fundador e presidente da "Corrente - Associação de Amigos do Rio Tâmega"; Produziu, dirigiu e realizou, durante vários anos, dois programas semanais sobre educação e cultura na Rádio Larouco. É membro do Sindicato de Jornalistas com a carteira de equiparado (nº259) e pertence à direcção regional do Sindicato dos Professores do Norte. Em colaboração com Luzia Oliveira, elaborou um estudo analítico sobre o Couto Mixto publicado em opúsculo editado pela CIG - Ensino (Galiza) intitulado "O Local como Recurso Didáctico na Interculturalidade" (2006). Em colaboração com a Associação Amigos da República, de Ourense, cooperou na edição do livro "O Cambedo da Raia - 1946", editado em 2004. É autor do romance "Crónica Triste de Névoa". É ainda autor e editor do "blog", com edição diária, "TerçOLHO" (http://jmadureira.blogs.sapo.pt).

Da dedicatória
Para finalizar, não resistimos à tentação de aqui transcrevermos a dedicatória do autor.

"Este livro é especialmente dedicado a todos os homens e mulheres de esquerda (naturalmente bons) que chegaram ao poder e, aí instalados, ainda se lembram -- por entre os talheres de prata, a louça da Companhia das Índias, os copos de cristal debruados a ouro, a comida farta e fina e a bebida fina e farta -- dos pobres, dos desprotegidos da sorte e de todos aqueles que passaram e passam fome e privações.

É também dirigido a todos os homens bons e de direita que, quando os homens e as mulheres de esquerda lhes usurparam o poder, se limitaram humildemente a ir gerir os seus negócios, ou os negócios de Estado, quer públicos quer privados.

É um tributo a todos aqueles que usam roupa de marca registada, se alimentam de comida ecologicamente plastificada e se passeiam pelos esplendores futuristas dos hipermercados.

É consagrado a todos quantos se deslocam em carros ou motas potentes mas pouco poluentes e bebem do melhor champanhe nas horas festivas.

Para que ainda possamos sonhar com la Dolce Vita, a todos eles o meu bem-hajam!"

O livro não chega aos 15 euros. É um exercício criativo bem conseguido. Aproveite o tempo e leia, vai ver que custa pouco e não dói nada.